O mercado de apostas esportivas transformou o cenário dos patrocínios no futebol brasileiro. Em 2025, 90% dos clubes da Série A contarão com uma casa de apostas como patrocinadora máster, um reflexo direto da expansão desse setor desde sua liberação no Brasil em 2018. O impacto financeiro e estratégico dessas parcerias é notável, mas também traz questionamentos sobre a dependência dos clubes.
A dominação do mercado pelas bets
Com contratos que superam os R$ 100 milhões anuais, os sites de apostas esportivas se consolidaram como os maiores investidores do futebol brasileiro. Atualmente, 16 dos 20 clubes da Série A já possuem parcerias com essas empresas, número que deve crescer com Grêmio e Internacional negociando novos contratos.
Essa tendência ganhou força em 2023, quando o número de clubes patrocinados por casas de apostas saltou de 11 para 14. Clubes como Palmeiras e Corinthians destacam-se pelos valores recordes dos acordos.
Crescimento exponencial nos valores de patrocínio
Os valores investidos pelas bets impressionam. O Palmeiras, por exemplo, encerrou sua parceria de dez anos com a Crefisa para firmar um contrato de R$ 100 milhões anuais com a Sportingbet. Já o Flamengo garantiu o maior patrocínio do futebol brasileiro: R$ 105 milhões por ano, pagos pela Pixbet.
Entre os maiores contratos, o Santos foi o que registrou o maior crescimento percentual, passando de R$ 12 milhões para R$ 55 milhões anuais com a Blaze, um aumento de 358%.
Dependência financeira e novos desafios
Especialistas apontam que essa dominação do setor de apostas cria uma relação de dependência para os clubes. Para José Francisco Manssur, advogado e assessor do Ministério da Fazenda, embora o cenário atual tenha riscos, a capacidade de investimento das bets pode ser uma “externalidade positiva” para o esporte.
Por outro lado, o professor Ivan Martinho, da ESPM, alerta que não há garantia de que outro setor venha a ocupar o lugar das apostas no futuro. “A história nos mostra que outras eras podem surgir”, comenta.
Regulamentação e impacto econômico
A regulamentação do setor de apostas no Brasil, iniciada em 2024, exigiu um investimento inicial de R$ 30 milhões por licença de operação. Essa medida trouxe maior controle ao mercado e incentivou a corrida das bets para garantir presença no país, consolidando sua posição no esporte.