A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) intensificaram as investigações da Operação Overclean, que apura um esquema de corrupção envolvendo contratos públicos milionários na Bahia. Após quebras de sigilo e análises de escutas ambientais, a PF identificou um grupo de empresários com forte influência sobre contratos firmados com o governo federal, administrações estaduais e municipais.
“Rei do Lixo” no centro das investigações
Um dos principais alvos da investigação é o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”. Segundo a PF, Moura exercia influência direta na administração de São Francisco do Conde, indicando secretários municipais e controlando a execução de contratos públicos.
De acordo com interceptações telefônicas, Moura participava ativamente das decisões da prefeitura, inclusive determinando quais faturas deveriam ser pagas. Entre os secretários que mantinham contato constante com o empresário estão Luís Henrique (Obras e Infraestrutura), Jerolino Mascarenhas (Finanças) e Amarildo Guedes (Serviços Públicos), que chegaram a ser flagrados em reunião com Moura na sede da empresa do empresário, no Edifício Tomé de Souza, em Salvador.
Empresas sob suspeita movimentaram milhões
A investigação revelou que diversas empresas ligadas ao esquema receberam contratos milionários nos últimos anos. A CONTECH ENGENHARIA, por exemplo, movimentou cerca de R$ 100 milhões entre 2023 e 2024 apenas em São Francisco do Conde. A Larclean Saúde Ambiental, dos irmãos Fabio e Alex Parente, também está na mira da PF após fechar um contrato de quase R$ 1 milhão para controle de pragas na cidade.
A PF avalia ainda contratos firmados pela CONTECH com administrações municipais lideradas por aliados políticos do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. As cidades de Camaçari, Candeias, Governador Mangabeira e Mata de São João também aparecem na lista de locais onde a empresa venceu licitações e firmou contratos milionários.
Possível nova fase da Operação Overclean
Diante das evidências coletadas, a PF e o GAECO preparam novas ações para aprofundar as investigações e responsabilizar os envolvidos. Fontes ligadas à operação indicam que uma nova fase da Overclean pode ser deflagrada nos próximos dias, com novas prisões e apreensão de documentos.
A investigação segue em andamento, e a Polícia Federal ainda não divulgou um posicionamento oficial sobre os próximos passos da operação.