A tensão diplomática entre Brasil e Venezuela atingiu novos patamares neste fim de semana, quando o governo de Nicolás Maduro acusou o Brasil de praticar uma “agressão descarada e grosseira” contra seu presidente e de promover uma “campanha violadora dos princípios das Nações Unidas”. A declaração foi feita nas redes sociais pelo chanceler venezuelano Yván Gil Pinto, em resposta a declarações do Itamaraty na sexta-feira (1).

O Itamaraty, por sua vez, havia expressado “surpresa” com os ataques de Caracas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a diplomatas brasileiros, especialmente após o Brasil atuar para bloquear a entrada da Venezuela no bloco Brics, uma articulação que contrariou interesses de Maduro. As declarações mais recentes da Venezuela seguem um período de atritos diplomáticos após o Brasil, liderado por Lula, não ter reconhecido a última vitória de Maduro nas eleições venezuelanas, realizadas em julho deste ano.

A crise intensificou-se quando a Venezuela convocou o embaixador de volta a Caracas e criticou publicamente o assessor especial de Lula, Celso Amorim, classificando-o como “mensageiro do imperialismo norte-americano”. Nos últimos dias, também foi divulgado um cartaz polêmico pela polícia venezuelana, exibindo a bandeira do Brasil com a frase “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”, em uma aparente referência a Lula.

A deterioração das relações

A relação entre Lula e Maduro já teve altos e baixos. Em maio de 2023, Maduro foi recebido com honras de chefe de Estado no Brasil, e Lula chegou a defender o presidente venezuelano de críticas internacionais. No entanto, a situação mudou drasticamente nos meses seguintes, à medida que o Brasil adotou uma postura mais crítica, especialmente em relação à recente eleição venezuelana e à tentativa de inclusão da Venezuela no Brics.

A situação delicada vem sendo observada com atenção por analistas de relações internacionais, que destacam como a crise reflete uma reconfiguração das alianças latino-americanas e um reposicionamento do Brasil no cenário diplomático regional.

O que esperar a seguir?

Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não respondeu aos últimos comentários de Caracas, mantendo uma postura de prudência, conforme sinalizado anteriormente em nota. Resta saber se a deterioração das relações afetará acordos comerciais e diplomáticos entre os dois países, que historicamente mantêm uma conexão robusta devido a laços geográficos e econômicos.

Governo Venezuelano diz que Brasil cometeu uma “agressão descarada e grosseira” contra o Presidente Nicolás Maduro. Foto: Reprodução

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