Brasil mira mercado chinês com exportações de petróleo em meio ao possível retorno de guerra comercial entre EUA e China
Especialistas apontam que o Brasil pode expandir exportações de petróleo para a China em novo cenário de guerra comercial entre EUA e China sob Trump.
A eleição de Donald Trump, com promessas de endurecimento na relação comercial com a China, abre uma possível janela de oportunidades para o Brasil aumentar suas exportações de petróleo ao gigante asiático. Especialistas do setor apontam que, caso Trump adote uma postura protecionista, os fluxos de comércio entre China e EUA podem ser impactados, possibilitando o fortalecimento da presença do petróleo brasileiro no mercado chinês.
Durante o primeiro mandato de Trump, a tensão comercial entre EUA e China levou a medidas de retaliação de ambos os lados, e há expectativas de que, ao retomar a presidência, Trump eleve tarifas sobre produtos chineses em até 60%. Esse cenário poderá reduzir a demanda chinesa por petróleo americano e abrir espaço para que o Brasil amplie seu mercado. A analista de Inteligência de Mercado da consultoria StoneX, Isabela Garcia, afirma que "um provável novo capítulo da guerra comercial poderia levar a mudanças da balança comercial de petróleo brasileira, aumentando os fluxos de exportação para a China".
O Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) também vê oportunidades nesse cenário. Roberto Ardenghy, presidente do IBP, afirma que a potencial nova postura protecionista dos EUA pode gerar desvios comerciais que favoreçam a indústria brasileira, que busca ampliar sua autossuficiência em petróleo e atender uma demanda global crescente. Ardenghy ressalta que a produção de petróleo brasileira possui uma menor pegada de carbono, característica valorizada no mercado internacional.
Além do fortalecimento das exportações, o perfil pró-petróleo de Trump pode atrair investimentos norte-americanos no Brasil. Evaristo Pinheiro, presidente da Associação Brasileira dos Refinadores Privados (Refina Brasil), acredita que o apoio republicano à exploração de novas fronteiras petrolíferas impulsionará petroleiras dos EUA a investir em mercados externos, incluindo o Brasil, onde a demanda por derivados e capacidade de refino segue em crescimento.
“A maioria conquistada na Câmara e no Senado pelo Partido Republicano tende a impulsionar as empresas americanas de óleo e gás também para o exterior. Pode ter um interesse de empresas norte-americanas de investir aqui na exploração de novas fronteiras inclusive (viabilizando) novas capacidades de refino, dado que o Brasil é um grande mercado e demonstra déficit na sua produção de derivados”, disse Pinheiro.
No entanto, o professor Edmar de Almeida, do Instituto de Energia da PUC-Rio, adverte que uma expansão da produção petrolífera dos EUA também poderá contribuir para uma queda nos preços globais do petróleo, afetando a competitividade de exportações brasileiras. Além disso, Trump já manifestou a intenção de reduzir o custo de vida dos americanos, uma medida que impacta diretamente o preço dos combustíveis e o valor do galão na bomba.
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