Bahia lidera mortes violentas no país e enfrenta baixa elucidação dos crimes
A Bahia lidera em mortes violentas no país, mas soluciona apenas 15% dos casos.
A Bahia é o estado brasileiro com o maior número de mortes violentas, liderando desde 2022 as estatísticas de homicídios e letalidade policial. Contudo, a taxa de resolução desses crimes é alarmantemente baixa: apenas 15% dos homicídios registrados em 2022 foram solucionados, segundo o Instituto Sou da Paz. Esse dado revela um cenário preocupante de impunidade que afeta diretamente a segurança e a confiança da população baiana nas instituições.
O Instituto Sou da Paz, que divulgou recentemente seu relatório anual “Onde Mora a Impunidade?”, destacou a sobrecarga das forças de investigação e a falta de investimentos em tecnologia e perícia como fatores críticos para o baixo índice de resolução. Beatriz Graeff, coordenadora de projetos do instituto, afirmou que a estrutura policial da Bahia “pode não ter tido tempo de se preparar para o aumento das mortes violentas, o que reduz a capacidade de esclarecimento”. Segundo Graeff, sem um reforço na inteligência e no suporte técnico, o cenário de impunidade tende a se agravar.
Carolina Ricardo, diretora do Instituto Sou da Paz, ressaltou o impacto da ausência de respostas aos crimes. “A falta de justiça pode encorajar a população a buscar 'justiça com as próprias mãos', alimentando ciclos de vingança e violência”, disse Ricardo. Para a diretora, essa ausência de respostas não só reforça a sensação de injustiça como também alimenta o crime organizado, dificultando a vida das famílias das vítimas, que aguardam por respostas e justiça.
Entre os casos que simbolizam essa crise de impunidade está o assassinato dos influenciadores Rodrigo da Silva Santos, conhecido como DG Rifas, e Hynara Santa Rosa, executados em um condomínio em Barra de Jacuípe, em dezembro de 2022. Prestes a completar dois anos, o caso permanece sem solução, trazendo angústia e incerteza aos familiares.
Outro caso em aberto é o do personal trainer Wellington Jesus dos Santos, morto a tiros em novembro de 2022 em Salvador. Também em setembro do mesmo ano, o professor Rodrigo de Sousa Santos foi assassinado dentro de sua academia em Camaçari. Esses crimes são alguns dos muitos que ainda aguardam investigação e justiça.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia e a Polícia Civil foram questionadas sobre possíveis estratégias de combate à violência e priorização desses crimes, mas até o momento não responderam. O Ministério Público, que também foi acionado para fornecer dados sobre denúncias recentes, ainda não se manifestou.
Com um ciclo de violência e impunidade que expõe a fragilidade do sistema de segurança e justiça, a Bahia enfrenta um dos maiores desafios de sua história recente. A expectativa é que as autoridades estaduais atuem para frear os índices de violência e proporcionar mais segurança para a população.
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