O aumento de famílias unipessoais no Bolsa Família voltou a ser alvo de investigação do governo federal. A alta, considerada “atípica” em alguns municípios às vésperas das eleições de 2024, levantou suspeitas de uso irregular do Cadastro Único (CadÚnico) para fins políticos. O Ministério do Desenvolvimento Social e a Controladoria-Geral da União (CGU) coordenam ações para fiscalizar essas irregularidades e reforçar a integridade dos cadastros.
Contexto do aumento de unipessoais
O programa Bolsa Família registrou 4,13 milhões de famílias unipessoais em dezembro de 2024, um acréscimo de mais de 200 mil registros em seis meses. Esses números contrastam com os 2,2 milhões observados antes de 2022.
Letícia Bartholo, secretária de Avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social, destacou a “melhora intensa” nas verificações, mas reconheceu desafios no combate às irregularidades. Municípios como Pau Brasil (BA), onde famílias unipessoais representaram quase 70% dos cadastros em 2024, ilustram o problema.
Ações do governo
O governo pretende:
- Realizar averiguações em até 100 municípios com maior incidência de suspeitas;
- Implementar visitas domiciliares e entrevistas com gestores municipais;
- Firmar parcerias com Tribunais de Contas estaduais para reforçar a fiscalização.
Essas medidas visam não só combater fraudes, mas também prevenir o uso indevido de dados no CadÚnico, garantindo que os recursos do Bolsa Família alcancem quem realmente necessita.
Impacto político e social
O consultor jurídico João Paulo de Faria Santos afirmou que fraudes ocorrem principalmente em prefeituras e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). “É essencial coordenação entre órgãos federais e locais para responsabilizar gestores.”