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Citado por delator, Beto Sicupira fica fora de denúncia do MPF sobre fraude na Americanas

Ex-diretor financeiro da varejista mencionou o bilionário na delação, mas ele não foi incluído na denúncia do Ministério Público Federal.
Por:
04/05/2025
americanas
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Em delação ao Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor financeiro da Americanas, Fabio Abrate, mencionou o bilionário Beto Sicupira, ex-presidente do conselho da varejista, ao descrever a cadeia de comando da fraude contábil na empresa. Abrate afirmou que a comunicação entre Sicupira e o ex-CEO Miguel Gutierrez era intensa, semelhante à que Gutierrez mantinha com a executiva Anna Saicali, ambos denunciados pelo MPF.

Apesar das citações, Sicupira não foi incluído na primeira denúncia apresentada pelo MPF, que responsabiliza 13 ex-diretores e funcionários da companhia. A acusação sustenta que o conselho de administração e os acionistas de referência foram enganados e acabaram arcando com um prejuízo de R$ 12 bilhões. A defesa de Sicupira afirma que ele desconhecia as fraudes e destaca que investiu mais na empresa do que lucrou com ela.

O MPF não respondeu se Abrate apresentou provas que vinculem Sicupira diretamente ao esquema, mantendo a delação sob sigilo. A assessoria do empresário rejeita as acusações, argumentando que todas as investigações conduzidas até agora apontam apenas ex-diretores como responsáveis pela fraude, sem evidências de envolvimento de conselheiros.

Em depoimentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Polícia Federal, o ex-CEO Miguel Gutierrez afirmou que nenhuma decisão estratégica era tomada sem o conhecimento e anuência dos acionistas de referência, especialmente Carlos Alberto Sicupira. Gutierrez destacou que sua ligação com Sicupira foi “contínua” e “muito intensa” durante toda a sua gestão, mesmo após Sicupira deixar a presidência do conselho de administração da companhia em 2020.

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A atual direção da Americanas nega que decisões operacionais fossem submetidas à aprovação dos acionistas de referência, afirmando que tais decisões cabiam exclusivamente à diretoria liderada por Gutierrez. A empresa também rebateu as declarações do ex-CEO, alegando que ele tenta eximir sua responsabilidade e relação direta com a fraude de resultados identificada.

A fraude na Americanas motivou a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. O relatório final da CPI não apontou responsabilidade dos sócios na fraude. No entanto, os deputados Tarcísio Motta (Psol-RJ) e Fernanda Melchionna (Psol-RS) votaram para que eles fossem responsabilizados, lembrando que já se envolveram em casos semelhantes no passado.

O presidente da Associação Brasileira dos Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, afirmou que, até agora, as investigações não chegaram aos bilionários, mas ressaltou que eles podem vir a ser investigados no futuro. “Essa pressão da Polícia Federal sobre os dois ex-diretores pode fazer com que, se houver de fato envolvimento de Sicupira, eles abram a boca”, disse.

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