PUBLICIDADE

Mestre Bule Bule é homenageado na Flica 2025 em noite de emoção e resistência

Ícone da cultura popular baiana celebrou 78 anos na Flica 2025, em Cachoeira, em tributo conduzido pelo coletivo feminino Irmandade da Palavra
Por:
26/10/2025
Mestre Bule Bule é homenageado na Flica 2025
Foto: Gustavo Rozário
ouvir notícia
0:00

Na semana em que completou 78 anos, o poeta, repentista e cordelista Mestre Bule Bule foi homenageado em uma noite de pura emoção na Flica 2025, encerrando a programação da Tenda Paraguaçu nesta sexta-feira (24). O tributo destacou sua trajetória como guardião da cultura popular e sua voz de resistência em defesa do sertão, da ancestralidade e da crítica social.

Mulheres em verso e resistência

O coletivo Irmandade da Palavra, formado por escritoras e cordelistas baianas, conduziu o tributo com performances e declamações. O grupo — representado por Andressa Prazeres, Bárbara Uila, Lucineide Souza, Tianava Silva e Gabriela Fidelis — une desde 2016 literatura de cordel, oralidade e criação coletiva.
“Elas constroem pontes entre o feminino e a tradição popular nordestina”, afirmou Andressa Prazeres, que idealizou o projeto. “A oralidade sempre nos guiou. A gente escreve o que fala, do jeito que fala, e isso é também resistência”, completou.

Notícias Relacionadas

O poder transformador da palavra

Durante o encontro, Lucineide Souza emocionou o público ao relatar que foi a primeira mulher de sua comunidade a concluir o ensino superior. “Talvez, se eu não tivesse passado pela Irmandade, eu não teria coragem de colocar no mundo minhas escritas”, contou.
Entre versos e depoimentos, Mestre Bule Bule foi ovacionado. Relembrou o cordel “Peço pra não acabar o Raso da Catarina”, em que denunciou o risco de descarte de rejeitos radioativos no sertão baiano. “A palavra foi a nossa arma contra a destruição do sertão”, afirmou o poeta.


>>> Siga nosso perfil no Instagram. Clique aqui!


Ancestralidade e axé em cena

Gabriela Fidelis encerrou a homenagem com uma fala sobre o livro “Cordel dos Orixás”, encontrado na biblioteca da Irmandade. “Com aquele cordel, entendi sobre amor, solidão e os encontros que o axé nos reserva”, disse.
Com humor e emoção, Mestre Bule Bule agradeceu o tributo: “Não sei se viverei mais setenta e oito anos, mas sei que a palavra seguirá viva com vocês”.

Leia mais

Rolar para cima