Na manhã desta quarta-feira (22), uma árvore consagrada a um orixá foi derrubada em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, durante uma ação da Secretaria de Serviços Públicos e Ordem Pública. O caso, que ocorreu no Terreiro Ilê Axé Omorodé Loni Omorodé Oluayé, foi denunciado como intolerância religiosa à Polícia Civil.
Ação judicial e erro operacional
A árvore, consagrada há 26 anos a Exu, foi derrubada por um trator enquanto técnicos da Prefeitura cumpriam uma determinação judicial para a demolição de uma barraca de acarajé instalada de forma irregular em área pública. Segundo lideranças religiosas, os funcionários foram alertados de que a árvore não estava incluída na ordem judicial, mas o aviso foi ignorado.
O prefeito de Santo Amaro, Flaviano Bomfim (UB), lamentou o ocorrido e informou que os servidores envolvidos foram demitidos. Ele classificou o caso como uma “fatalidade” e garantiu que a Prefeitura tomará medidas reparadoras, como o replantio de uma nova árvore ou a criação de um monumento em homenagem ao terreiro.
“O mal já foi causado, a derrubada daquela árvore e agora o município vai fazer a reparação junto com o Terreiro para que a gente possa, ou criar um novo monumento voltado ao terreiro dele, ou mesmo o replantio de uma nova árvore com canteiro. Então assim, de público já fizemos a nota, pedindo desculpa pelo ato dos servidores, já foram penalizados por isso e a prefeitura se coloca a total disposição para que seja reparado esse mal que ouve lá.”, disse Bomfim à equipe da TV Bahia.
Revolta da comunidade religiosa
O líder do terreiro, Pai Gilson, afirmou que nunca havia enfrentado intolerância religiosa em Santo Amaro antes deste incidente. Ele explicou que a árvore foi consagrada para proteger a área, reduzindo acidentes de trânsito, e que desde então não houve mais problemas no local.
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“Graças a Deus, a gente nunca teve problema de intolerância religiosa. Essa é a primeira vez”, declarou Pai Gilson em entrevista à TV Bahia.
Respostas e providências
A Polícia Civil confirmou que investiga o caso como intolerância religiosa e dano, com oitivas e diligências em andamento para esclarecer os fatos. Além disso, o episódio gerou repercussão entre membros de religiões de matriz africana, que destacaram a importância do respeito às tradições culturais e religiosas.
O prefeito Bomfim reforçou o pedido de desculpas e destacou que a Prefeitura está comprometida com a reparação do dano e com o respeito à diversidade religiosa em Santo Amaro, cidade conhecida pelo Bembé do Mercado, considerado o maior candomblé de rua do mundo.